24/06/2010

Inocência


Deixe as crianças brincarem, enquanto seus sorrisos são puros e castos. 

Deixe que elas corram, e com seus pezinhos, achem que podem dar a volta ao mundo. 

Deixe que elas acreditem num mundo mágico, encantado.

Deixe que elas caiam, ralem os joelhos e levantem-se. 

Deixe que elas cantem músicas sem nenhum ritmo ou nexo. 

Deixe que elas durmam o sono dos inocentes, sem pesadelos ou incômodos. 

Deixe que elas se lambuzem de doces, sem se preocupar com cáries. 

Deixe que elas rolem no chão, sujando toda a roupa, mas sentindo o contato com a terra. 

Deixe que elas procurem sereias no horizonte da praia. 

Deixe que acreditem que gnomos roubam e escondem coisas. 

Deixe que elas sonhem no que vão ser quando crescer, sem se preocupar realmente com o futuro. 

Deixe que elas reclamem que é muito cedo para ir dormir ou muito cedo para acordar. 

Deixe que acreditem que nada no mundo pode feri-lhes, quando estão juntas. 

Deixe o Sol tocar seus cabelos e refletir no branco de suas asas. 

Não roube a inocência das minhas crianças. 

Um dia, suas asas serão tingidas de negro e seus corações magoados. 

Terão as faces molhadas por lágrimas e sangue nas mãos. 

Mas não hoje... Por enquanto elas são apenas crianças. 

E enquanto crianças forem, vou me deleitar com sua inocência. 

Vou protegê-las do mal. Vou observar que brinquem e vou dizer-lhes o quanto eu as amo e como o mundo ficou colorido depois que elas chegaram. 

Porque hoje elas nada mais são do que crianças querendo brincar. 

E enquanto crianças forem, não vou deixar o mal tocá-las. 


Kali Luciferious

11/05/2010

09/05/2010

Se um dia eu te perder, eu perco mais que o rumo. Perco toda a estrada, cuidadosamente traçada pensando em você.
Se você me deixa, minha mente se embaralha. Não consigo imaginar o que querer, para onde ir, o que pensar se não for por você e para você.
Você dá cor ao meu mundo. Dá luz. Você me mostra o caminho.
Sem você eu sou pouco mais que uma casca. Talvez eu siga o fluxo. Talvez eu fique parada.
Eu só sei que não serei mais eu porque me faltaria um pedaço. O mais vital de todos, o mais importante.
Eu perderia a alegria, a vontade, o capricho...
Então me faça um favor: não se perca de mim. Não saia de perto. Não ande na frente, não se esconda, não vá embora.
Você é quem faz todos meus demônios ficarem longe.
Amo você.

18/11/2009

Perdição




 Enquanto você dormia, sussurrei segredos em seu ouvido. Você, achando que eram sonhos proféticos, os contou a quem bem entendia.

Enquanto você caminhava, capturei tua sombra, e me pus a seguir teus passos no lugar dela.

Enquanto você refletia sobre o sentido da vida, embaralhei teus pensamentos para que nunca o descobrisse. Quando descobrimos esse segredo, estamos prontos para deixar essa existência.

Enquanto você chorava, enxuguei silenciosamente tuas lágrimas e fiz da tua, a minha dor.

Enquanto você sorria, capturei aqueles momentos no tempo e espaço, alongando-os para que pudessem se tornar eternos dentro de ti.

Foi assim que te guardei. Me fiz de escudo para todas as suas mágoas, filtrei todas as dores que consegui suportar.


Fiz de ti meu protegido. Abri mão da minha existência terrena pra poder guardar você. 

Não fiz isso por amor. Não sei amar. Fiz isso pelo prazer egoísta do ser humano de cuidar de outro ser. E disso fiz meu lema, meu princípio, minha razão, meu dilema, minha ruína. 

Fui teu anjo de asas vermelhas. Fostes minha perdição.

26/08/2009

Misery



Guardei meus sentimentos e lembranças sobre você num lugar dentro de mim que quase não visito. Vez ou outra me permitia um vislumbre sobre o passado, mas nunca mais do que isso.

E agora você ressurge do nada trazendo a tona tudo aquilo que lutei para enterrar. Traz de volta contigo toda a minha loucura, meus desejos insanos, meus sonhos absurdos, meus objetivos mais audaciosos. Me faz querer de novo tudo aquilo que eu achei que tinha deixado de querer...

Isso não é justo. Quem é você pra voltar assim?!
Isso não é justo comigo. E agora, o que eu faço diante de todas essas coisas que eu jurava ter enterrado?

14/06/2009




E é assim que eu sou feliz. No campo, na batalha, brandindo a espada. Lutando, guerreando, vencendo. Isso me faz feliz. O vento no rosto, os gritos de guerra, o sangue do inimigo escorrendo no chão. Assim sou eu. Filha da guerra, só no campo posso me sentir realmente viva. E um dia, hei de morrer assim: guerreando. Não há de ser de outro jeito. O campo de batalha é meu lar. Meus guerreiros, irmãos e filhos. Minha espada, meu cavalo e minha armadura, minha proteção e meu conforto. E por mais que daqui me afaste, hei sempre de voltar e defender a minha terra. Numa noite de lua, no sol do meio dia, no verão ou inverno, é só aqui que sou feliz. E é só assim que me sinto realmente viva. Viva e alada. Eternamente.

Ps: Texto publicado devido a ameaças da Amanda.Mesmo assim, ainda amo você.

13/03/2009

Por causa da preguiça deixei passar a sexta-feira 13. Mas na certeza que serei perdoada por essa falha, postarei no sábado 14.
Beijos alados e reais.






À medida que o sol escaldante passou pelo equador celestial indo do norte para o sul, um sem-número de portentos se revelaram: um bezerro de duas cabeças nasceu em Dorset, perto da pequena cidade de Blandford; navios naufragados sugiram das Fossas das Ilhas Marianas; em todos os lugares, os olhos das crianças tornaram-se velhos e cheios de sabedoria; sobre a aldeia indígena da Maharashtra, as nuvens assumiram a forma de exércitos hostis; musgos leprosos cresceram rapidamente no lado sul dos megálitos célticos e depois desapareceram em questão de minutos; na Grécia, as belas e pequeninas plantas ornamentais começaram a sangrar e o solo, em torno de suas hastes, a emanar um aroma putrefato; todos os 16 sinistros dirae designados por Júlio César no primeiro século antes de Cristo, incluindo o derramamento de sal e vinho, quedas, espirros e o ranger de cadeiras, surgiram; a aurora austral apareceu para os maoris; um unicórnio foi visto pelos bascos correndo pelas ruas de Vizcaya. E inúmeros outros presságios.

E a porta de entrada do Inferno se abriu.


(Trecho retirado do livros Dança Macabra (2003), de Stephen King.)


 
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